sábado, 7 de março de 2009

minha história de menina rapando tachos

Já falei aqui que nasci em Congonhas - MG, cidade que abriga o maior conjunto barroco esculpido pelo mestre Antônio Francisco Lisboa - o Aleijadinho - formado pelos 12 profetas esculpidos em pedra-sabão, na entrada da Igreja Basílica de Bom Jesus de Matosinhos, e pelas 65 imagens em cedro com pinturas de Mestre Athayde das Capelas dos Passos da Paixão, tudo tombado como Patrimônio da Humanidade.

Mas o que quero contar é da minha infância nesse casarão maravilhoso:


foi nesse belo casarão que passei toda a minha infância. Imagine você o tamanho do quintal.

Passei toda a minha infância na casa da minha avó materna, rodeada de tias e tios num velho casarão do final do século XIX (alguns dizem ser do século XVIII). Meu avô veio morar ali logo depois que se casou, por volta de 1932. Suas duas primeiras filhas (minha mãe e minha tia Imene) nasceram na fazenda Bela Vista, em Entre Rios de Minas, onde só se comprava sal, querosene e tecido. Fiquei sabendo que elas nasceram na fazenda porque ambas chegaram em épocas de férias, para onde ia minha avó, que era professora quando não estava travalhando.

Com minha avó, Dinorah de Oliveira Senra, vieram também duas de suas irmãs: Tia Cecy e a minha madrinha Lete, Celeste de Oliveira. Elas não se casaram e viviam a cuidar da casa, das crianças e, principalmente, da cozinha e dos doces da casa da minha avó. Se a história diz que em Minas a cozinha é o santuário da casa, onde ocorrem os rituais dos encontros familiares, de feituras de conservas, o tempinho do café passado na hora, e a preparação dos “santos doces”, lá em casa não era diferente.

A cozinha principal era grande: havia uma pia sob uma janela que dava para a horta de couve e um fogão a lenha que deixava as paredes (pelo menos aquelas ali mais perto) pretas. Lembro de ouvir minha avó reclamar do fogão e mandar refazê-lo muitas vezes por causa da fumaça que escurecia as paredes. No centro, uma mesa quadrada grande e num canto, o armário, alto, onde se guardavam os condimentos, as farinhas, os tachos e as panelas. Um quartinho ao lado da cozinha era a despensa, onde ficavam o milho para as galinhas, os ovos colhidos, as latas de biscoitos, as caixas de doces e as réstias de alho.
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No próximo post falo das demais dependências da casa, do quintal, da horta de couve, do galinheiro... volte você também.

As fotos do arquivo da família- casamento dos meus avós, em 1931.

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